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PRIMEIRO ESTUDANTE CEGO DE PEDAGOGIA DEFENDE TCC COM LOUVOR E DEIXA LEGADO DE INCLUSÃO

O Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) viveu um momento histórico, de profunda emoção e significado acadêmico, quando Edmilson Anjos dos Santos tornou-se o primeiro estudante cego a concluir o curso de Pedagogia na instituição. Sua defesa do TCC intitulado “Espaços e Vivências pelos Corredores da Universidade Federal de Viçosa: Um Relato de Experiência de um Estudante Cego no Ensino Superior” marcou não apenas uma conquista pessoal, mas um avanço na luta por educação verdadeiramente inclusiva – um desafio ainda maior quando consideramos que, segundo o Censo da Educação Superior (2022), apenas 0,5% dos universitários brasileiros declararam ter deficiência visual.

Uma Trajetória que Transformou a Própria Universidade

Nascido em 1981 em uma zona rural de família humilde, Edmilson só teve acesso à educação formal após os 20 anos. Sua deficiência visual não foi inicialmente compreendida, e as escolas que frequentou não estavam preparadas para recebê-lo. Sem recursos adequados, ele improvisava: usava cadernos sem pauta, réguas para escrever e tateava letras em relevo para aprender. A virada veio com o Braille, que dominou em uma sala de recursos.

Em 2017, após duas tentativas no ENEM, Edmilson conquistou sua vaga na UFV. Mas como ele mesmo relata em seu trabalho: “Quando cheguei, muita coisa não era adaptada”. A universidade, embora acolhedora, ainda tinha barreiras físicas e pedagógicas. Com o apoio da UPI – que forneceu tecnologias assistivas e apoio de monitoria – e de todos os docentes do Curso de Pedagogia, que contribuiram imensamente com sua formação e com uma visão sensível frente à inclusão, Edmilson não apenas permaneceu, mas transformou o espaço acadêmico. Hoje, como ele mesmo testemunha, “a UFV é diferente”.

Um Trabalho que Exige Reflexão sobre Inclusão Real

Orientado pela professora Bethania Medeiros Geremias ao longo de dois anos, o TCC de Edmilson vai além da conquista pessoal. “Não se trata de caridade”, destaca o agora pedagogo. “É sobre inclusão real, sobre como a universidade – e a sociedade – precisam se adaptar para que pessoas com deficiência não apenas entrem, mas permaneçam e se sintam pertencentes”.

A banca examinadora, composta pelo professor Arthur Meucci (Chefe do Departamento de Educação e presidente da Cátedra Paulo Freire) e a professora Gabriela Silveira Meireles (pesquisadora em educação inclusiva), destacou a relevância social do estudo. Edmilson não apenas narrou suas vivências, mas criou um documento fundamental para a UFV continuar avançando em suas políticas de inclusão.

O Legado de Paulo Freire na Prática

Em sua fala final, Edmilson citou o patrono da educação brasileira: “A educação não transforma o mundo. A educação transforma as pessoas. E as pessoas transformam o mundo”. E completou: “Que possamos, juntos, transformar os espaços acadêmicos – e a sociedade – em lugares de inclusão para todos e todas”.

Sua história ganha ainda mais relevância quando lembramos que a UFV, como muitas instituições brasileiras, ainda está em processo de adaptação. O caso de Edmilson evidencia tanto os avanços quanto os desafios persistentes na inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior.

PARA CONHECER O TRABALHO: O TCC completo e o mural de vivências de Edmilson estão disponíveis publicamente em:  

https://padlet.com/janainatorres/mural-de-viv-ncias-tyowqrdcoxgzjnml

Próximos Passos

Edmilson já planeja publicar seu TCC e seguir na carreira acadêmica, focando em educação inclusiva. Sua trajetória deixa claro que a inclusão não é sobre “fazer favor”, mas sobre “garantir direitos” e transformar instituições. Como ele mesmo provou: quando a universidade se abre para a diversidade, todos saem ganhando.

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